terça-feira, 13 de novembro de 2018

A ansiedade não se vê, não se toca. Mas sente-se.


"A ansiedade é uma farsa."

"É fita para chamar a atenção."

"É uma desculpa das pessoas fracas para justificarem essa mesma fraqueza."

Quantas vezes ouvimos estes comentários?

Ou quantas vezes sentimos que era o que ía na cabeça das pessoas à nossa volta quando se tocava no assunto?

Aliás, quantas vezes nós próprias pensámos e dissemos estas mesmas coisas, antes de vivermos na primeira pessoa esta realidade?

A ansiedade não se vê, não se toca. Mas sente-se.

Escondemo-la de toda a gente (por vezes até de nós mesmas) porque não queremos assumir perante os outros que não estamos bem... Não vão eles pensar que ficámos maluquinhas.

O que é que o nossa chefe, os nossos colegas, a nossa família, os nossos amigos iriam pensar?! E chegamos à conclusão de que talvez seja melhor aceitar que vamos ter de viver assim. Sentirmo-nos tristes, angustiadas e acordar com um aperto no peito, tantas vezes sem motivo aparente.

Sentir que falta o ar, como se de repente tivéssemos desaprendido a respirar. Sentir um vazio, e um emaranhado de emoções e pensamentos que transbordam, tudo ao mesmo tempo.

Fazer de conta. Que estamos bem. Que está tudo bem.

Quantas de nós não passámos por tudo isto?

E quantas de nós não procurámos comforto imediato em dias a fio passados no sofá ou na cama, tentando esquecer que existe um Mundo lá fora? Quantas de nós depende de ansioliticos para adormecer, literalmente, a vida no exterior da nossa zona de conforto?


A solução não está, nunca estará, nesses pensos rápidos. As feridas vão continuar cá dentro, e enquanto tentarmos negá-las elas vão abrir cada vez mais, doer cada vez mais.

Eu sei que a ansiedade e a depressão continuam a ser um tema tabu e receamos ser alvo de represálias caso as assumamos.

E a verdade é que se não se sentirem preparadas para as assumir perante o Mundo, não têm de o fazer. Está tudo bem, mesmo!

Mas não neguem para vocês mesmas. Não procurem o alívio imediato.

Procurem ajuda. E vençam esse monstro, um dia de cada vez.

Porque nós não somos maluquinhas.

Apenas queremos ser felizes.  

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Sobre a ansiedade...

Ansiedade... Sempre fui uma miúda ansiosa. Ainda na escola primária, quando sabia que ia ter um teste no dia seguinte, ficava doente, com febre, dores de barriga, vómitos. No início deixava a minha mãe aflita, por não saber o que se passava comigo, mas com o tempo ela acabou por perceber que era o meu corpo a reagir ao enorme stress e ansiedade que sentia dentro de mim.


Esta ansiedade, este sofrer por antecipação, este medo avassalador de falhar, acompanharam-me desde então e deram origem a vários ataques de pânico (que em tempos subestimei, achando que era fita, mas que quando senti pele percebi que é das piores sensações que podemos ter). Muitas vezes acordo em sobressalto, com um vazio inexplicável no peito. Custa-me respirar. Não consigo falar sem desatar a chorar. Sinto-me doente, fraca, sem energia.
Nestes dias, parece que nada mais faz sentido e coloco tudo em causa: quem sou, o que quero, o que preciso.
Quero apenas ficar no meu canto, sem ver ninguém, sem falar com ninguém. E só sair dali quando o coração parar de doer.


Sofri (ainda sofro) muito nestes momentos, e pelo meu bem-estar físico e emocional precisei de recorrer a algumas estratégias (nem sempre as melhores) que me ajudem a restabelecer o meu equilíbrio quando a ansiedade se apodera de mim. 


Não é fácil sentir que as pessoas à nossa volta não nos compreendem. Não é fácil ouvir "Tem calma, "Estás a exagerar", "Vai tudo correr bem". Não, na nossa cabeça não vai tudo correr bem, não estamos a exagerar e tudo o que menos nos apetece é ter calma.


Por muito que tentemos explicar o que sentimos parece que ninguém compreende esta angústia, esta culpa, esta insegurança, esta ansiedade constante que nos faz passar noites em branco, e nos faz acreditar que nunca conseguiremos ser felizes.

Também sei que às vezes parece mais simples não dizermos nada. Sorrirmos e fazermos de conta que está tudo bem, quando na verdade nos sentimos vazias por dentro. Ficarmos escondidinhas na nossa concha, à espera de acordar e perceber que tudo isto não passou de um pesadelo.  
Há guerras que, por mais fortes que sejamos, não conseguiremos vencer sozinhas, e não temos que sentir vergonha por estarmos a passar por um momento menos bom e precisarmos de ajuda, independentemente de qual for: amigos, família, namorados, colegas, psicólogos, psiquiatras, medicação adequada e prescrita por profissionais.

Estamos juntos.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

Tudo o que é o amor



É muito fácil imitiar o amor. Vivemos rodeados de imagens e sufocados por músicas que nos apelam constantemente para cenários idílicos, casais perfeitos, comédias românticas em que o amor vence sempre a vida, ou amores perdidos que nos roubaram o coração em canções de qualquer época. O amor é um dos nossos motores de vida, quem vive sem ele seca como uma árvore sem água, quem vive sufocado nele pode afogar-se em mágoas ou na espuma dos dias.
 O amor verdadeiro dá muito trabalho. É como um full time job sem folgas aos fins-de-semana e sem ordenado no final do mês. É estar lá para o outro, tanto nos dias em que amamos, como nos dias em que estamos fartos dele. O amor não é feito de palavras nem de grandes gestos românticos, mas de provas. Não é abstacto, nem transmissível: se amamos uma determinada pessoa não podemos passar esse amor para outra. Temos de deixar de amar a anterior, esquecer, e recomeçar do zero, senão não é amor, é uma fuga para a frente, uma transferência afectiva,uma solução fácil e práctica, e tudo isto são imitações do amor.
 Talvez a lição mais difícil de aprender acerca do amor seja que o amor não se aprende. Treina-se com o tempo, apura-se com a maturidade, mas não se aprende, porque ou o temos dentro de nós ou não o temos, e quem o tem quase nunca o domina. Podemos saber o que seria certo fazer, mas nem sempre o fazemos.Podemos errar, mesmo quando não queremos. Podemos tratar mal aqueles que amamos sem nos apercebermos. Mas quem ama perdoa ainda que não esqueça, quem ama segue em frente, quem ama não se agarra a desculpas, arregaça as mangas e não desiste, porque o verdadeiro amor é o avesso do medo e a vontade o seu maior aliado.
 Amar é proteger, é acreditar, é construir, é sonhar com os pés na terra. Amar é planear. E depois trabalhar em conjunto para que os planos e os sonhos se realizem. Nenhum amor sobrevive sem construção, recosta á sombra da bananeira, porque cada história de amor tem a sua própria vida, a tal terceira entidade na qual tanto acredito. Se não cresce e se desenvolve, se não se transforma nem amadurece, acaba por morrer. Para construir, é preciso acreditar. MRP

sábado, 26 de agosto de 2017

Hoje e como sempre, (ainda) cá estou. Eu, os meus cigarros e o meu copo de vinho. Refugiada em pensamentos e divagações enquanto refletia numa passagem de um livro da minha querida Margarida Rebelo Pinto...


 "Há momentos na vida em que pensas que o mundo à tua volta se vai transformar num desastre natural que te pode tirar de casa para sempre. Como se tudo se erguesse e rodopiasse: os móveis, as cortinas, as cadeiras. Estás no centro do caos e não adianta nem fugir, nem ficar imóvel. Uma força superior e devastadora vai levar-te pelos ares como o ciclone fez à casa da Dorothy. Mas o caminho que te espera não é uma estrada de tijolos amarelos, nem tens como companhia um leão sem coragem, um homem de lata sem coração e um espantalho sem cabeça. O teu fiel amigo Totó não ladra a estranhos nem te protege das fadas más. E se pegares num balde de água para neutralizar a Bruxa Má do Oeste, ela não encolhe. Pelo contrário. Vai aumentando mais e mais a cada dia que passa. No fim da tua história só tens solidão, destruição e caos. Quando regressas à realidade, o que tens à tua frente é um muro do tamanho da muralha da china." 



Subscrevo.

sábado, 6 de maio de 2017

“A realidade muda, às vezes muito devagar, outras, a uma velocidade vertiginosa. Não estava preparada para isto. A vida é mesmo assim: nunca muda quando pensamos, mas um dia muda mesmo e, quando damos por isso, o jogo virou e perdemos o que tínhamos. Ganhar e perder fazem parte da vida e da morte, tal como a glória e a tristeza, a luz e as sombras.” 
MRP

sábado, 8 de abril de 2017

As saudades começam apertar. Cada " tenho saudades tuas", "quando voltas?", "quando vens mana?" está lentamente a matar-me. Cada "gostava que estivesses aqui" está a tornar-se mais doloroso do que eu alguma vez pensei. Só quando perdemos é que damos valor. Falo por mim. Quando ainda me "desleixava" e achava que tinha sempre tempo para toda a gente podia realmente fazê-lo. Hoje, aguardo cada instante. Cada milésima de segundo para conseguir abraçar o mundo todo. Realmente há circunstancias na vida que nos fazem crescer e ver o mundo de outra forma. Gostava tanto de ter conseguido prever tudo isto e ter aproveitado (ainda) mais cada minuto. Hoje estou aqui, sozinha e a chorar cada minuto que o relógio avança a contar o tempo que falta para poder ouvir cada história que tenho perdido.
Falhei e tenho falhado todos os dias. Estou longe e afastei-me automaticamente mas sem querer de tudo e todos. Sinto-me vazia e sinto que todo o amor que conquistei tenho perdido. Têm sido a batalha mais difícil de todos os tempo. Suportar a dor da ausência de cada amor que me sustenta e suportar todo este peso no coração. 
Queria estar como sempre estive, queria nunca falhar, queria ser um exemplo mas tenho sido tudo menos isso. Falho contentemente quando evito situações. Esta não sou eu. Sou eu, sim mas inevitavelmente alterada por circunstâncias da vida que me ultrapassam.
Sinto tantas saudades. Não matam mas têm corroído da uma forma avassaladora. 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Do 0

E de repente passamos de meninas a mulheres. Uma vida começa agora, cheia de contra-sensos e sem saber o porque disto tudo ter acontecido. De repente é sexta feira e eu deparo-me numa cidade completamente desconhecida por razões que só a razão desconhece. Com segredos e tragédias de mãos dadas a este novo começo. Sem um porquê explicável... Quando me perguntam o porque da mudança. Só eu sei. Só eu carrego comigo a dor da questão que me tem atormentado as minhas noites, o motivo das insónias constantes e maldosas que insistem em persistir. 
Foi preciso. Foi necessario e inevitável. E aqui estou, sozinha a caminhar num mundo desconhecido e surreal. Eu e os meus cigarros, continuamos a caminhar para um dia melhor e sem maus presságios. Sem guerras. Porque é isso mesmo, vim à procura de paz. De conforto. De serenidade. Só desejo que tudo isto me transforme naquilo que eu não quero ser, me transforme e molde da melhor forma possível. Preciso de sonhar com finais felizes. Preciso.